Assustei-me ao perceber, em conversa com pesquisadores franceses da Comunicação (durante o Colóquio Brasil-França, dentro do Intercom 2009), que Educomunicação se não incipiente, nem é discutida na França (com raríssimas exceções, como o caso da Professora Geneviève Jacquinot Delaunay, que foi um dos pilares de desenvolvimento da minha dissertação).
O “primeiro-mundo”, economicamente falando, não parece tão primeiro mundo ao analisarmos sua produção em pesquisa científica contemporânea.
Não pude evitar um misto de tristeza e alegria. Tristeza porque não teremos fontes tão sólidas para consultar e ter por ponto de partida, mas feliz por contemplar a possibilidade de estarmos na linha de frente no que diz respeito à pesquisa em Comunicação e, também, Educomunicação.
Publicidade? Relações Públicas? Produção Editorial? Rádio e TV? Habilitações que conhecemos, e que têm sua produção científica no Brasil crescente, são ignoradas na França. O jornalismo NÃO.
PPs, RPs, PEs, não se comunicam? Não têm compromisso com as teorias da comunicação e com seus públicos?
Ainda estou sem entender.
Se eu quiser fazer o Doctorat francês, terei de abandonar minha habilitação (Publicidade e Propaganda) e me contentar em olhar para o Jornalismo ou para a Comunicação de forma mais abrangente (nem tão abrangente assim).
Sempre fui apaixonado pela Comunicação justamente por sua abrangência e por permear todas as atividades e áreas do conhecimento humano. Se pensarmos em Educação então, é imprescindível pensar a Comunicação. Mas o que é Educomunication (leia-se em francês)?
O pior é que sempre depositamos muita expectativa naqueles que têm mais longa data num caminho percorrido. Mas a lógica não cabe em todos os casos.
A palestra do pesquisador Dominique Wolton era uma das grandes expectativas para este que é o congresso mais importante da área de comunicação no Brasil. Como resultado, transcrevo o tweet (9:10 PM Sep 4th) do Professor André Lemos (UFBA): “argumentos básicos, tese conhecidas por todos”.
E apesar de gostar muito do trabalho de Wolton, devo concordar com Lemos.
Chegou a hora do “terceiro-mundo” mostrar seu potencial e sua capacidade na pesquisa científica. Mostrar que temos nos aprofundado em discussões em diversas vertentes da Comunicação.
No entanto, nem tudo é desfavorável no que foi dito e percebido dos franceses neste Intercom. Já que, parafraseando o Professor Wolton, a comunicação mais simples é a técnica e a mais complexa é a humana.
Existe uma preocupação francesa grande em estudar melhor a comunicação one to one, as relações interpessoais. A base da comunicação.
Nós brasileiros, podemos tomar isto como exemplo para deixarmos um pouco as inúmeras pesquisas relacionadas aos meios, mensagens e mediações e pensarmos mais a respeito do elemento fundamental da comunicação: o ser humano.
Este é meu discurso em todas as minhas aulas, independentemente do conteúdo ministrado.
Sempre que toco neste ponto, lembro-me das referências ao Professor Norval Baitello Junior, defensor de que o corpo humano é a primeira mídia.
Sem o ser humano, as outras mídias, as tecnologias, são vazias e sem valor. Passou da hora desta consciência fazer parte de todos, na Comunicação e na Educação.
Paulo Negri Filho
Já falei aqui no blog sobre a oficina de jornalismo cultural que participei no XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, que aconteceu em setembro, na cidade de Curitiba (PR). Hoje, compartilho com vocês o excelente conteúdo que o professor Paulo Negri Filho apresentou durante o workshop “Criatividade como estilo de vida”.
Para começar, é importante conceituar o que significa esta palavra. Segundo Filho, criatividade é uma técnica de resolver problemas: “é sair do comum, olhar com outra visão um fato e, principalmente, encontrar soluções simples e eficazes”.
Ao contrário do que muitos pensam, ser criativo não é inventar coisas complexas, mas sim, deter-se na simplicidade. Para comprovar esta tese de que pouco é muito no processo criativo, o palestrante apresentou o case antigo, mas muito vivo ainda hoje na memória das pessoas, do comercial da “Mamíferos da Parmalat”, lançado em novembro de 1997. Depois desta campanha, que não tinha efeito visual, artistas renomados, nem texto complexo; a Parmalat registrou um aumento de 20% em suas vendas.
Bastou um pouco de ousadia e percepção para algo aparentemente sem noção virar um sucesso. Na atividade jornalística também precisamos nos atentar para esses fatores a fim de criar um produto atrativo e agradável. A criatividade tem que estar presente em todas as profissões e, hoje, já não é mais um diferencial, mas, sim, uma necessidade profissional.
Durante a apresentação, o palestrante também apresentou o Teste de Torrance, que mede sua capacidade criativa fazendo dois exercícios. Dadas algumas formas gráficas simples, a pessoa é solicitada a usá-las, combiná-las ou a completar uma figura inacabada. Avaliadores julgam se os resultados são mais ou menos criativos, como nos exemplos a seguir.
Você também pode avaliar sua criatividade exercitando sua mente com as figuras abaixo. Para usar ou combinar uma figura, você pode aumentá-la, reduzi-la, alterar sua cor ou reproduzi-la várias vezes. Na combinação, você pode usar duas ou mais figuras. Force sua mente para obter figuras altamente criativas e originais.
Depois de terminar o exercício, leia as características das pessoas muito criativas e verifique quais se destacam:
- Fluência: o número de idéias, sentenças e associações que uma pessoa pode pensar quando apresentado a uma palavra, conceito ou problema.
- Variedade e flexibilidade: a diversidade de diferentes soluções que uma pessoa pode encontrar quando solicitada a explorar os diferentes usos de alguma coisa ou a criar soluções para um problema.
- Originalidade: a habilidade de desenvolver soluções potenciais que outras pessoas não conseguiram pensar.
- Elaboração: a habilidade de formular uma idéia, de expandi-la e transformá-la numa solução concreta.
- Sensibilidade a problemas: a habilidade de reconhecer o desafio central dentro de uma tarefa, bem como das dificuldades associadas a este desafio.
- Redefinição: a capacidade de ver um problema conhecido sob uma perspectiva completamente diferente.
- Tolerância à ambigüidade: a capacidade de aceitar e trabalhar ao mesmo tempo com múltiplas causas ou respostas a um problema ou desafio singular.
Como você avalia sua criatividade? Quais características você precisa desenvolver para aprimorar suas habilidades criativas? Mãos a obra!
by Ariane Aparecida Fonseca de Souza